As ruas ainda guardam o teu nome
o teu rosto continua a brilhar intermitente
como os néons perdidos pelas fachadas
nas montras o reflexo de outros tempos,
as esquinas de outros beijos
(ainda os sentes nos lábios, também?)
Toda a cidade se construiu em volta de nós
devo agora condená-la à ruína?
é Inverno e o céu gelado teima
em cair sobre as nossas cabeças
sigo o meu caminho, o mesmo
itinerário de sempre, os mesmos
passos apressados de sempre
Tento atravessar a rua para chegar
aonde me esperam, mas o semáforo
teima em ficar vermelho
-Tenho a vida parada, suspiro
E então olho em volta, à procura
de respostas, à procura de algo
concreto: meia dúzia de luzes
acesas em meia dúzia de
apartamentos diferentes
o homem das castanhas
um carro a roçar o limite
de velocidade
o velho do café a esbracejar
Tudo isto em trinta e tal segundos
até o semáforo mudar de cor:
está verde,
é altura de avançar.
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