Aqui, em casa, os homens cheiram a peixe, têm olhos húmidos, mãos gretadas com odor a iodo e tripas, unhas com sarro; fumam cigarros trapezistas e contam histórias de perigos vários: de um gigante bruto que se esconde entre as espumas calmas de Julho. Os homens da minha terra choram nos funerais, apesar de terem peitos-proa – habituados a rasgar o mar em dois; e bebem bagaço, dizem palavrões, exaltam-se nos jogos de futebol. Os homens da minha terra pouco sabem de matemática, ou de outras artes que não envolvam um fio de nylon, mas são poéticos. Poemas ásperos, erodidos, como os corpos dos homens da minha terra.
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