Olho para as coisas e a poesia já lá está. Não me sinto capaz de certas arrogâncias: acreditar que o poema surgiu devido a uma combustão espontânea que se deu quando olhei a árvore, cheirei a flor, senti a textura da terra entre os dedos, ouvi os pássaros, ou provei o fruto. Não. O poema não surgiu em virtude de mim. Já lá estava. Era anterior à minha percepção. Eu apenas o extraí – como alguém extrai uma farpa de madeira cravada na carne.
Não fui eu quem fez a poesia: é a poesia que nos faz.
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