Desenho: duas rectas perpendiculares.
O ponto de intercepção estava claro, mas ele reforçou-o com um círculo carregado a tinta preta.
O movimento da mão era orgânico, humano. Cada uma das rectas representava uma cronologia, uma pessoa: desde a sua concepção, até à sua memória.
O círculo preto representava o momento em que aquelas cronologias se cruzariam, se tornariam apenas uma: recta sobre recta. Assumiu esse momento como o amor: tudo o que o antecede nos conduz à convergência, tudo o que o sucede nos condena à divergência.
Depois desse ponto e até ao momento da morte efectiva, começava a memória. E depois da memória – avançando continuamente até ao infinito – restava o oblívio: a escuridão total.
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