O homem pediu que se fizesse luz.
Gritou. Um grito pesado, como um gesto.
A noite era uma incerteza lutuosa com a qual ele guerreava: braços esticados, movimentando-se freneticamente; pés paralelos, tacteando a superfície.
O homem gritou a palavra luz. O homem gritou a palavra lâmpada. O homem gritou a palavra candeeiro. O homem gritou a palavra lanterna. Nada. A inconsequência do som, das palavras arremessadas como objectos, era gritante.
As pessoas à sua volta afastavam-se: a loucura é uma forma de distância.
O menino gritou: abre os olhos.
O homem abriu os olhos: luz.
Palavras, acção, consequência.
A palavra deve cortar como um bisturi na mão de um cirurgião.
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